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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

OS MISERÁVEIS: NOTA EXPLICATIVA





                                CRÉDITO DA IMAGEM:
http://portal.julund.com.br/noticias/vejam-o-primeiro-trailer-do-filme-os-miseraveis





NASCIMENTO E ESPLENDOR DE UM IMORTAL ROMANCE

OS MISERÁVEIS – VICTOR HUGO

DO ORIGINAL:LES MISÉRABLES” – VICTOR HUGO
HETZEL – QUANTIN, EDITEURS, PARIS

NOTA EXPLICATIVA DE AFONSO SCHMIDT (CLUBE DO LIVRO-EDIÇÃO EXTRA) SÃO PAULO-1958
TRADUÇÃO DE JOSÉ MARIA MACHADO



UM REI NO ORIENTE PEDIU AO SEU MAIOR FILÓSOFO QUE ESCREVESSE A HISTÓRIA DA HUMANIDADE. ESTE, AO CABO DE ANOS DE TRABALHO, LEVOU-LHE CERCA DE VINTE VOLUMES DE MANUSCRITOS.
E COMO O SOBERANO DECLARASSE QUE NÃO TINHA TEMPO PARA TANTA COISA, O SÁBIO REDUZIU-OS PRIMEIROS PARA DEZ, DE DEZ PARA CINCO, POR ÚLTIMO PARA UM VOLUME... ACABOU POR SINTETIZÁ-LOS NUMA FRASE, APENAS:
- SENHOR, OS HOMENS NASCERAM, AMARAM, SOFRERAM E MORRERAM!



PODERÍAMOS APLICAR O CONHECIDO APÓLOLOGO DE ANATOLE FRANCE À VIDA DE VICTOR HUGO, ONDE HÁ MUNDOS DE INTELIGÊNCIA, DE BONDADE, DE RESPEITO PELOS SEMELHANTES E, PORTANTO, DE BELEZA. NEM POR ISSO DEIXAMOS DE CONVIR EM QUE ESCREVER MEIA DÚZIA DE PÁGINAS SOBRE O QUE FOI NA TERRA O AUTOR DE “CONTEMPLAÇÕES” É COMO ESPIAR AS GRANDEZAS DO AMANHECER PELO BURACO DE UMA FECHADURA.
VICTOR HUGO NASCEU NA CIDADEZINHA DE BESANÇON - A ANTIGA VESANTIO DOS ROMANOS – A 26 DE FEVEREIRO DE 1802. SEU PAI, CORONEL, DEPOIS GENERAL, FOI AGRACIADO COM O TÍTULO DE CONDE POR NAPOLEÃO.
O MENINO ACOMPANHOU-O NAS CAMPANHAS DA ITÁLIA, ESPANHA E, SÓ MAIS TARDE, MUDARAM-SE PARA PARIS, A FIM DE MATRICULAR-SE NA ESCOLA POLITÉCNICA.
MAS AOS VINTE ANOS SENTIU-SE ARREBATADO PELA PAIXÃO LITERÁRIA E PUBLICOU AS “ODES”. DESDE ENTÃO PRODUZIU MUITO EM MUITOS GÊNEROS, REVELANDO-SE GRANDE EM TODOS ELES.
DE 1841 A 1851, ENVEREDOU-SE PELA POLÍTICA, TOMANDO POSIÇÃO CONTRA LUÍS NAPOLEÃO BONAPARTE, FUTURO NAPOLEÃO III. ASSIM EM CONSEQUÊNCIA DO GOLPE DE ESTADO DE 02 DE DEZEMBRO DE 851, PERSEGUIDO, ACUADO, COM A CABEÇA POSTA A PRÊMIO, O POETA CONSEGUIU FUGIR PARA A BÉLGICA DE ONDE TEVE DE PASSAR PARA AS ILHAS DE JERSEY E DE GUERNESEY, NA MANCHA.
NESSAS TERRAS, PASSOU MISÉRIA, MAS CONSEGUIU REPÔR-SE ECONOMICAMENTE, DEDICANDO-SE DE CORPO E ALMA ÀS LETRAS. DENTRO DE POUCO, ELEVAVA-SE DESMESURADAMENTE AOS OLHOS DO MUNDO. SUA PALAVRA ERGUEU-SE SOBRE OS CONTINETES, NUMA LUMINOSA PREGAÇÃO DE JUSTIÇA E DE LIBERDADE. AQUI MESMO NO BRASIL, UMA GERAÇÃO INTEIRA EXALTOU-SE NA LEITURA DE SEUS POEMAS; E A GERAÇÃO QUE SE LHE SEGUIU AINDA OS DECLAMOU, DE OLHOS BRILHANTES E CABELEIRA REVOLTA, NOS SERÕES DAS “REPÚBLICAS” E NOS PÁTIOS INTERNOS DAS ACADEMIAS.
VICTOR HUGO SÓ DEVERIA VOLTAR À PÁTRIA 19 ANOS DEPOIS, COM A TRÁGICA SITUAÇÃO INAUGURADA EM 1870. POR ESSA ALTURA, ELE JÁ ERA A MENTALIDADE MÁXIMA DA EUROPA, DO MUNDO CONVULSIONADO. LÁ FORA PUBLICARA GRANDES LIVROS QUE ABRIRAM SULCOS DE ARADO NO PENSAMENTO E NO SENTIMENTO À HUMANIDADE. UM DELES FOI “OS MISERÁVEIS”.
SUA VIDA, DEPOIS DE LARGO PERÍODO TEMPESTUOSO, ENCONTROU A PAZ NAQUELA APRAZÍVEL HAUTEVILLE HAUSE, DA ILHA DE GUERNESEY. DECORRIA MANSA, SEM PREOCUPAÇÕES ECONÔMICAS OU PERSEGUIÇÕES POLÍTICAS. ELE HAVIA RESERVADO O ANDAR DE CIMA, RODEADO DE ESTANTES PEJADAS DE LIVROS COM VASTAS VIDRAÇAS PARA A COSTA ÁSPERA. APENAS DOIS MÓVEIS CONFORTÁVEIS: A MESA, ONDE TRABALHAVA, E O DIVÃ, ONDE DORMIA. LEVANTAVA-SE INVARIAVELMENTE ÀS 3 DA MADRUGADA FOSSE VERÃO OU INVERNO, SENTAVA-SE À POLTRONA E ESCREVIA ATÉ A HORA DO ALMOÇO. À 1 HORA DA TARDE, LEVANTAVA-SE, PREPARAVA-SE E DESCIA PARA ALMOÇAR COM A FAMÍLIA.
A ESSA HORA, CHEGAVA JULIETA DROUET, A ÚNICA PESSOAS QUE PODIA PENETRAR NO SAGRADO RECINTO. ELA MORAVA NAS VIZINHANÇAS DE HAUTEVILLE HAUSE E MANTINHA A JANELA SEMPRE ABERTA PARA A CASA DO AMIGO. ENTRANDO, APANHAVA AS CENTENAS DE FOLHAS DE PAPEL RABISCADAS E ATIRADAS CAOTICAMENTE PELO CHÃO, NUMERAVA-AS, PUNHA-AS À FRENTE E FICAVA A COPIÁ-LAS HORAS INTEIRAS, NA SUA CALIGRAFIA DE MENINA ESTUDIOSA.
A ABNEGADA COMPANHEIRA DO POETA, EX-ATRIZ DO TEATRO PORTE SAINT MARTIN, TINHA-O ACOMPANHADO NO EXÍLIO. FOI SEMPRE PARA ELE MAIS QUE UMA COPISTA. CHEGOU MESMO DE CERTA FORMA, A COLABORAR NO SEU TRABALHO, PRINCIPALMENTE EM “OS MISERAVEÍS”. ESSE ROMANCE, QUE HOJE COLOCAMOS NAS MÃOS DO LEITOR, FOI ASSIM DEFINIDO POR VICTOR HUGO: “DANTE ESCREVEU UM INFERNO COM POESIA, TENTAREI FAZER UM COM REALIDADE”. ESTAMOS, POIS, DIANTE DA OBRA MÁXIMA QUE O MESTRE NÃO HESITAVA E EMPARELHAR COM A “DIVINA COMÉDIA”. GRAÇAS A ELA  – ESCREVE UM DE SEUS BIÓGRAFOS – O POETA, QUE IMPUSERA O ROMANTISMO COM O PREFÁCIO DE  CROMWELL”, LANÇOU, TAMBÉM O REALISMO NA ARTE LITERÁRIA, MUITO ANTES DE FLAUBERT OU DE ZOLA, E CONTINUOU NOUTRO PLANO A OBRA QUE BALZAC INICIARA NO CICLO DA “COMÉDIA HUMANA”.
OS MISERÁVEIS” É UM ROMANCE ESCRITO DIA A DIA, COM TODAS AS FORÇAS DA ALMA, COMO QUEM CRIA OU COMO QUEM REZA. NAS SUAS PÁGINAS, O AUTOR COMUNICOU AO MUNDO A SUA INFINITA PIEDADE PELOS HOMENS. ANTES DE FUGIR DA FRANÇA, LEVADA A FERRO E A FOGO, O PRIMITIVO MANUSCRITO JÁ ESTAVA TERMINADO, NO ENTANTO, NÃO SE PARCIA COM O QUE ELE, TANTOS ANOS DEPOIS DEVIA COMUNICAR AOS POVOS SEQUIOSOS DE BONDADE.
ERA AINDA UM LIVRO DE PROPORÇÕES REDUZIDAS. APRESENTAVA-SE INTEIRIÇO, SEM EPISÓDIOS SUPLEMENTARES, ISTO É, SEM AQUELAS DEZENAS DE PÁGINAS QUE ALGUNS CRÍTICOS CONSIDERAM SUPÉRFLUAS E QUE SOBRECARREGAVAM O CONJUNTO, TAIS COMO A BATALHA DE WATERLOO, O CONVENTO DO PETIT PICPUS E OUTROS QUADROS GIGANTESCOS, QUE PODERIAM DECORAR AS ‘LOGGIE” DO CÉU.
A DOCE JULIETA DROWET TEVE UM TRABALHO INCRÍVEL EM COPIAR E RECOPIAR TUDO AQUILO.
DURANTE DEZ ANOS, O ESCRITOR INTERCALOU TEXTOS, CERZIU-OS, SUPRIMIU CENTENAS DE PÁGINAS, SUBSTITUINDO-AS POR OUTRAS TANTAS E A OBRA, ALI POR 1861, ESTAVA DE FATO CONCLUÍDA. POR ESSA ÉPOCA VICTOR HUGO JÁ PODIA VOLTAR À FRANÇA, MAS NÃO QUIS FAZÊ-LO, DECLARANDO QUE LÁ NÃO IRIA, ENQUANTO NÃO FOSSE
RESTABELECIDA A LIBERDADE.
LIMITOU-SE A DEIXAR GUERNESEY, SEGUINDO PARA BRUXELAS. NA CAPITAL BELGA, DEU A ÚLTIMA DEMÃO À OBRA. MAS ENCONTRAR UM EDITOR NÃO LHE PARECEU FÁCIL. BASTA DIZER QUE ELE PEDIA PELA SUA PUBLICAÇÃO NADA MENOS DE 125.000 FRANCOS, SOMA GIGANTESCA NA ÉPOCA.
ORA, EM BRUXELAS HAVIA UM EDITOR CHAMADO LACROIX QUE, MANTENDO TAMBÉM AMBIÇÕES LITERÁRIAS, ERA EXALTADO ADMIRADOR DO POETA. PUBLICARA UM ENSAIO SOBRE “SHAKESPEARE E O TEATRO FRANCÊS” E MANDARA UM EXEMPLAR A VICTOR HUGO COM SUGESTIVA DEDICATÓRIA. ESTE AGRADECEU A OFERTA COM ELOGIOS PROTOCOLARES SOBRE O TRABALHO QUE, PARA SER EXATO, NÃO CHEGARA A LER, POIS O ALUDIDO EXEMPALR FOI ENCONTRADO MAIS TARDE ENTRE SEUS LIVROS, AINDA SEM ABRIR.
ESSA MANEIRA DELICADA DE VICTOR HUGO FOI SEGUIDA AO LONGO DO SÉCULO POR NUMEROSOS ESCRITORES, PARA NÃO DESGOSTAREM OS QUE DELES SE LEMBRAVAM. MAS TEVE O INCONVENIENTE DE ENCHER DE FUMAÇA A MUITOS PRINCIPIANTES. LI ALGURES QUE UM VATE DO RIO DE JANEIRO, AO PUBLICAR O SEU LIVRO DE ESTRÉIA, REMETERA-O A VICTOR HUGO COM PATÉTICA DEDICATÓRIA.
O GRANDE ESCRITOR, PARA CORRESPONDER À GENTILEZA DA OFERTA, RESPONDEU-LHE DIZENDO QUE, COM AUXÍLIO DA GRAMÁTICA LATINA, LERA E ADMIRARA OS SEUS VERSOS. ISSO FOI A PERDIÇÃO DO PLUMITIVO. DALI POR DIANTE, COLOCOU-SE ACIMA DA OPINIÃO DA CRÍTICA E DA RESERVA DE SEUS AMIGOS.
- VOCÊS SÃO TODOS UNS DESPEITADOS - DIZIA. VICTOR HUGO, QUE É VICTOR HUGO, ELOGIOU MEUS VERSOS. CÁ ESTÁ A CARTA ASSINADA PELO MESTRE!
QUANDO LACROIX SOUBE QUE VICTOR HUGO PROCURAVA EDITOR, LANÇOU UM APELO PELA PRAÇA, CONSEGUIU A AVULTADA SOMA PEDIDA E TOCOU PARA GUERNESEY, ONDE O POETA SE ENCONTRAVA NO MOMENTO. NEM BEM CHEGOU A HAUTEVILLE HAUSE, APRESENTOU-SE, O CONTRATO FOI LOGO REDIGIDO E ASSINADO, SEM QUE O EDITOR TIVESE VISTO O ORIGINAL.
QUALAQUER COMERCIANTE SENSATO NÃO TERIA COMETIDO SEMELHANTE DESPROPÓSITO. MAS A VERDADE É QUE LACROIX DEU UM FORMIDÁVEL GOLPE. EM MENOS DE UMA NO, TORNOU-SE RICO E MULTIPLICARAM-SE OS SEUS HAVERES.
O ROMANCE ALCANÇOU UM ÊXITO A QUE, EM 1862, O MUNDO NÃO ESTAVA HABITUADO. FOI IMEDIATAMENTE TRADUZIDO PARA QUASE TODAS AS LÍNGUAS EUROPÉIAS E AS EDIÇÕES EM FRANCÊS COMEÇARAM A REPRODUZIR-SE COM RAPIDEZ VERTGINOSA. NUNCA MAIS DEIXARAM DE ENCHER PARIS, A FRANÇA, A EUROPA, A ÁSIA, A AMÉRICA, O MUNDO.
VAI PARA UM SÉCULO, O HOMEM NASCE, BATIZA-SE, CASA, LÊ “OS MISERÁVEIS” E MORRE. A VIDA NÃO É COMPLETA PARA OS QUE NÃO SE COMOVEM COM ESSE ROMANCE.
ENTRE DEUS E JEAN VALJEAN, TALVEZ HAJA ALGUM ENTENDIMENTO...
NO ANO SEGUINTE, EM GUERNESEY, FOI ORGANIZADO UM BANQUETE EM HOMENAGEM A VICTOR HUGO. DURANTE 15 DIAS, A EUROPA VOLTOU-SE PARA AQUELA ILHA, ANSIOSA POR MANIFESTARA SUA ADMIRAÇÃO AO POETA DA HUMANIDADE SOFREDORA.
DE QUASE TODOS OS PONTOS DO CONTINENTE, CHEGARAM REPRESENTANTES E ATÉ COMISSÕES DE INTELECTUAIS. OS PAÍSES ONDE O ROMANCE TINHA SIDO TRADUZIDO VIBRARAM DE EMOÇÃO.
FOI UM NUNCA ACABAR DE DISCURSOS. ENCERRANDO ESSA FESTA INTERNACIONAL LEVADA A EFEITO AO REDOR DE UM ROMANCE, AO REDOR DE “OS MISERÁVEIS”, VICTOR HUGO SAUDOU A IMPRENSA, QUE JÁ NAQUELE TEMPO TINHA O PODER DE UNIR O HOMEM POR CIMA DAS FRONTEIRAS. E FEZ O ELOGIO DA REVOLUÇÃO FRANCESA E DAS SUAS CONQUISTAS SEMPRE EM MARCHA, PALAVRAS QUE CERTAMENTE NÃO AGRADARAM AOS OUVIDOS BUROCRÁTICOS PRESENTES.
DALI POR DIANTE, VICTOR HUGO TORNOU-SE O IMENSO POETA DE SEMPRE. AINDA HÁ POUCOS ANOS, UM JORNALISTA INTERROGOU ANDRÉ GIDE SOBRE QUEM SERIA O MAIOR POETA DA FRANÇA, OBTENDO A RESPOSTA:
- INFELIZMENTE CONTINUA A SER VICTOR HUGO!
NESSE INFELIZMENTE NÃO IA NENHUM DESPRIMOR PARA O GÊNIO, MAS A MELANCOLIA DE QUEM, UM SÉCULO DEPOIS, AINDA NÃO VIA NO CENÁRIO INTELECTUAL DO PAÍS NINGUÉM QUE APRESENTASSE AS GIGANTESCAS PROPORÇÕES DO AUTOR QUE CRIOU AS PÁGINAS IMORTAIS DE “OS MISERÁVEIS”.

 (AFONSO SCHIMIDT)





VICTOR MARIA HUGO, POETA, DRAMATURGO, ROMANCISTA, ENSAÍSTA E POLÍTICO FRANCÊS, DEIXOU UMA FAMOSA, IMPORTANTE E RICA BAGAGEM LITERÁRIA, DA QUAL DESTACAMOS:
“ODES”, “HANS DE ISLÂNDIA”, “BUG JARGAL”, “BALADAS”, “CROMWELL”, “ORIENTAIS”, “FOLHAS DE OUTUBRO”, “CANTOS DO CREPÚSCULO”, “VOZES INTERIORES”, “RAIOS E SOMBRAS”, “HERNANI”, “MARION DELORME”, “O REI DIVERTE-SE”, “RUY BLASS”, “BURGRAVES”, “LUCRÉCIA BÓRGIA E MARIA TUDOR”, “ÂNGELO”, “NOSSA SENHORA D EPARIS” (“O CORCUNDA DE NOTRE DAME”) – EDIÇÃO DO “CLUBE DO LIVRO” DE NOVEMBRO DE 1947; “CASTIGOS”, “LENDA DOS SÉCULOS”, “OS HOMENS DO MAR” (EDIÇÃO DO “CLUBE DO LIVRO” DE DEZEMBRO D E1946), “O HOMEM QUE RI”, “NOVENTA E TRÊS” (EDIÇÃO DO “CLUBE DO LIVRO” DE DEZEMBRO DE 1945), “CANÇÕES DAS RUAS E DOS BOSQUES”, “ANO TERRÍVEL”, “HISTÓRIA DE UM CRIME”, “A ARTE DE SER AVÔ”, “O PATPA”, “A PIEDADE SUPREMA”, “O BURRO”, “RELIGIÃO E RELIGIÕES”, “OS QUATRO VENTOS DO ESPÍRITO”, “TORQUEMADA”, “TODA A LIRA”, “CORRESPONDÊNCIA”, “DEUS”, “ALPES E PIRINEUS”, “FRANÇA E BÉLGICA”, “OS ANOS FUNESTOS”, “CARTAS À NOIVA”, “ÚLTIMAS FLORES” E ESTA MONUMENTAL E IMPERECÍVEL OBRA “OS MISERÁVEIS”, EXOIMADA DE ALGUNS TRECHOS EXCESSIVAMENTE DESCRITIVOS, NUMA ADMIRÁVEL TRADUÇÃO PARA O PORTUGUÊS DA BRILHANTE AUTORIA DE JOSÉ MARIA MACHADO, ESPECIALMENTE FEITA PARA A NOSSA EDITORA.
EM SEU LIVRO DE VIAGENS, “EUROPA TRANQUILA”, AO DESCREVER A CATEDRAL PARISIENSE DE NOTRE DAME, QUE INSPIROU O FAMOSO ROMANCE “NOSSA SENHORA DE PARIS”, MÁRCIO GRACIOTTI ASSIM RESUME A PROFUNDA SIGNIFICAÇÃO DA OBRA DE VICTOR HUGO. “ESTE TRABALHO PERTENCE A UMA TRILOGIA, ATRAVÉS DAS QUAIS O IMORTAL ESCRITOR DA FRANÇA DO SÉCULO XIX QUIS ESTUDAR AS TRÊS LUTAS E AS TRÊS NECESSIDADES DO HOMEM: A NATUREZA, A RELIGIÃO E A SOCIEDADE”.
“O HOMEM VÊ-SE A ABRAÇOS COM O OBSTÁCULO, SOB A FORMA ELEMENTO, SOB A FORMA SUPERSTIÇÃO, SOB A FORMA ELEMENTO, SOB A FORMA PRECONCEITO. UM TRIPLO ANANKÊ DAS LEIS”. VICTOR HUGO DENUNCIA EM “OS HOMENS DO MAR” O ANANKÊ DAS COISAS, ISTO É, DOS ELEMENTOS; EM “NOSSA SENHORA DE PARIS”, DENUNCIA O ANANKÊ DOS DOGMAS, ISTO É, DA SUPERSTIÇÃO; E NESTAS FAMOSAS PÁGINAS DE “OS MISERÁVEIS”, VICTOR HUGO DENUNCIA O ANANKÊ DAS LEIS, ISTO É, DOS PRECONCEITOS. É A ESSA TRÊS FATALIDADES, QUE ENVOLVEM O HOMEM NA SUA DIUTURNA LUTA, QUAISQUER QUE SEJAM O SETOR EM QUE LABUTE E O PLANO SOCIAL EM QUE VIVA, SE JUNTA A FATALIDADE ÍNTIMA, O ANANKÊ SUPREMO, O CORAÇÃO HUMANO.



SÃO PAULO, JUNHO DE 1958.
CLUBE DO LIVRO







"A quem tem o coração morto, nunca os olhos choram." (Os Miseráveis, Victor Hugo, pág. 59).