CRÉDITO DA IMAGEM:
http://portal.julund.com.br/noticias/vejam-o-primeiro-trailer-do-filme-os-miseraveis
NASCIMENTO E ESPLENDOR DE
UM IMORTAL ROMANCE
OS MISERÁVEIS – VICTOR HUGO
DO ORIGINAL: “LES MISÉRABLES”
– VICTOR HUGO
HETZEL – QUANTIN, EDITEURS, PARIS
NOTA EXPLICATIVA DE AFONSO SCHMIDT (CLUBE
DO LIVRO-EDIÇÃO EXTRA) SÃO PAULO-1958
TRADUÇÃO DE JOSÉ MARIA MACHADO
UM
REI NO ORIENTE PEDIU AO SEU MAIOR FILÓSOFO QUE ESCREVESSE A HISTÓRIA DA
HUMANIDADE. ESTE, AO CABO DE ANOS DE TRABALHO, LEVOU-LHE CERCA DE VINTE VOLUMES
DE MANUSCRITOS.
E
COMO O SOBERANO DECLARASSE QUE NÃO TINHA TEMPO PARA TANTA COISA, O SÁBIO
REDUZIU-OS PRIMEIROS PARA DEZ, DE DEZ PARA CINCO, POR ÚLTIMO PARA UM VOLUME...
ACABOU POR SINTETIZÁ-LOS NUMA FRASE, APENAS:
-
SENHOR, OS HOMENS NASCERAM, AMARAM, SOFRERAM E MORRERAM!
PODERÍAMOS APLICAR O CONHECIDO
APÓLOLOGO DE ANATOLE FRANCE À VIDA DE VICTOR HUGO, ONDE HÁ MUNDOS DE
INTELIGÊNCIA, DE BONDADE, DE RESPEITO PELOS SEMELHANTES E, PORTANTO, DE BELEZA.
NEM POR ISSO DEIXAMOS DE CONVIR EM QUE ESCREVER
MEIA DÚZIA DE PÁGINAS SOBRE O QUE FOI NA TERRA O AUTOR DE “CONTEMPLAÇÕES” É COMO ESPIAR AS GRANDEZAS
DO AMANHECER PELO BURACO DE UMA FECHADURA.
VICTOR HUGO NASCEU NA CIDADEZINHA DE
BESANÇON - A ANTIGA VESANTIO DOS ROMANOS – A 26 DE FEVEREIRO DE 1802. SEU PAI,
CORONEL, DEPOIS GENERAL, FOI AGRACIADO COM O TÍTULO DE CONDE POR NAPOLEÃO.
O MENINO ACOMPANHOU-O NAS CAMPANHAS DA
ITÁLIA, ESPANHA E, SÓ MAIS TARDE, MUDARAM-SE PARA PARIS, A FIM DE MATRICULAR-SE
NA ESCOLA POLITÉCNICA.
MAS AOS VINTE ANOS SENTIU-SE ARREBATADO
PELA PAIXÃO LITERÁRIA E PUBLICOU AS “ODES”.
DESDE ENTÃO PRODUZIU MUITO EM
MUITOS GÊNEROS, REVELANDO-SE GRANDE EM TODOS ELES.
DE 1841 A 1851, ENVEREDOU-SE
PELA POLÍTICA, TOMANDO POSIÇÃO CONTRA LUÍS NAPOLEÃO BONAPARTE, FUTURO NAPOLEÃO
III. ASSIM EM CONSEQUÊNCIA DO
GOLPE DE ESTADO DE 02 DE DEZEMBRO DE 851, PERSEGUIDO, ACUADO,
COM A CABEÇA POSTA A PRÊMIO, O POETA CONSEGUIU FUGIR PARA A BÉLGICA DE ONDE
TEVE DE PASSAR PARA AS ILHAS DE JERSEY E DE GUERNESEY, NA MANCHA.
NESSAS TERRAS, PASSOU MISÉRIA, MAS
CONSEGUIU REPÔR-SE ECONOMICAMENTE, DEDICANDO-SE DE CORPO E ALMA ÀS LETRAS.
DENTRO DE POUCO, ELEVAVA-SE DESMESURADAMENTE AOS OLHOS DO MUNDO. SUA PALAVRA
ERGUEU-SE SOBRE OS CONTINETES, NUMA LUMINOSA PREGAÇÃO DE JUSTIÇA E DE
LIBERDADE. AQUI MESMO NO BRASIL, UMA GERAÇÃO INTEIRA EXALTOU-SE NA LEITURA DE
SEUS POEMAS; E A GERAÇÃO QUE SE LHE SEGUIU AINDA OS DECLAMOU, DE OLHOS
BRILHANTES E CABELEIRA REVOLTA, NOS SERÕES DAS “REPÚBLICAS” E NOS PÁTIOS
INTERNOS DAS ACADEMIAS.
VICTOR HUGO SÓ DEVERIA VOLTAR À PÁTRIA
19 ANOS DEPOIS, COM A TRÁGICA SITUAÇÃO INAUGURADA EM 1870. POR ESSA ALTURA, ELE
JÁ ERA A MENTALIDADE MÁXIMA DA EUROPA, DO MUNDO CONVULSIONADO. LÁ FORA PUBLICARA
GRANDES LIVROS QUE ABRIRAM SULCOS DE ARADO NO PENSAMENTO E NO SENTIMENTO À
HUMANIDADE. UM DELES FOI “OS MISERÁVEIS”.
SUA VIDA, DEPOIS DE LARGO PERÍODO
TEMPESTUOSO, ENCONTROU A PAZ NAQUELA APRAZÍVEL HAUTEVILLE HAUSE, DA ILHA DE
GUERNESEY. DECORRIA MANSA, SEM PREOCUPAÇÕES ECONÔMICAS OU PERSEGUIÇÕES
POLÍTICAS. ELE HAVIA RESERVADO O ANDAR DE CIMA, RODEADO DE ESTANTES PEJADAS DE
LIVROS COM VASTAS VIDRAÇAS PARA A COSTA ÁSPERA. APENAS DOIS MÓVEIS CONFORTÁVEIS:
A MESA, ONDE TRABALHAVA, E O DIVÃ, ONDE DORMIA. LEVANTAVA-SE INVARIAVELMENTE ÀS
3 DA MADRUGADA FOSSE VERÃO OU INVERNO, SENTAVA-SE À POLTRONA E ESCREVIA ATÉ A
HORA DO ALMOÇO. À 1 HORA DA TARDE, LEVANTAVA-SE, PREPARAVA-SE E DESCIA PARA
ALMOÇAR COM A FAMÍLIA.
A ESSA HORA, CHEGAVA JULIETA DROUET, A
ÚNICA PESSOAS QUE PODIA PENETRAR NO SAGRADO RECINTO. ELA MORAVA NAS VIZINHANÇAS
DE HAUTEVILLE HAUSE E MANTINHA A JANELA SEMPRE ABERTA PARA A CASA DO AMIGO.
ENTRANDO, APANHAVA AS CENTENAS DE FOLHAS DE PAPEL RABISCADAS E ATIRADAS
CAOTICAMENTE PELO CHÃO, NUMERAVA-AS, PUNHA-AS À FRENTE E FICAVA A COPIÁ-LAS
HORAS INTEIRAS, NA SUA CALIGRAFIA DE MENINA ESTUDIOSA.
A ABNEGADA COMPANHEIRA DO POETA,
EX-ATRIZ DO TEATRO PORTE SAINT MARTIN, TINHA-O ACOMPANHADO NO EXÍLIO. FOI SEMPRE
PARA ELE MAIS QUE UMA COPISTA. CHEGOU MESMO DE CERTA FORMA, A COLABORAR NO SEU
TRABALHO, PRINCIPALMENTE EM “OS MISERAVEÍS”. ESSE ROMANCE, QUE HOJE
COLOCAMOS NAS MÃOS DO LEITOR, FOI ASSIM DEFINIDO POR VICTOR HUGO: “DANTE ESCREVEU UM INFERNO COM POESIA, TENTAREI
FAZER UM COM REALIDADE”. ESTAMOS, POIS, DIANTE DA OBRA MÁXIMA QUE O MESTRE
NÃO HESITAVA E EMPARELHAR COM A “DIVINA
COMÉDIA”. GRAÇAS A ELA – ESCREVE UM
DE SEUS BIÓGRAFOS – O POETA, QUE IMPUSERA O ROMANTISMO COM O PREFÁCIO DE “CROMWELL”,
LANÇOU, TAMBÉM O REALISMO NA ARTE LITERÁRIA, MUITO ANTES DE FLAUBERT OU DE ZOLA, E CONTINUOU NOUTRO PLANO A OBRA QUE BALZAC INICIARA NO CICLO DA “COMÉDIA
HUMANA”.
“OS
MISERÁVEIS” É UM ROMANCE ESCRITO DIA A DIA, COM TODAS AS FORÇAS DA ALMA,
COMO QUEM CRIA OU COMO QUEM REZA. NAS SUAS PÁGINAS, O AUTOR COMUNICOU AO MUNDO
A SUA INFINITA PIEDADE PELOS HOMENS. ANTES DE FUGIR DA FRANÇA, LEVADA A FERRO E
A FOGO, O PRIMITIVO MANUSCRITO JÁ ESTAVA TERMINADO, NO ENTANTO, NÃO SE PARCIA
COM O QUE ELE, TANTOS ANOS DEPOIS DEVIA COMUNICAR AOS POVOS SEQUIOSOS DE
BONDADE.
ERA AINDA UM LIVRO DE PROPORÇÕES
REDUZIDAS. APRESENTAVA-SE INTEIRIÇO, SEM EPISÓDIOS SUPLEMENTARES, ISTO É, SEM
AQUELAS DEZENAS DE PÁGINAS QUE ALGUNS CRÍTICOS CONSIDERAM SUPÉRFLUAS E QUE
SOBRECARREGAVAM O CONJUNTO, TAIS COMO A BATALHA DE WATERLOO, O CONVENTO DO
PETIT PICPUS E OUTROS QUADROS GIGANTESCOS, QUE PODERIAM DECORAR AS ‘LOGGIE” DO CÉU.
A DOCE JULIETA DROWET TEVE UM TRABALHO
INCRÍVEL EM COPIAR E RECOPIAR
TUDO AQUILO.
DURANTE DEZ ANOS, O ESCRITOR INTERCALOU
TEXTOS, CERZIU-OS, SUPRIMIU CENTENAS DE PÁGINAS, SUBSTITUINDO-AS POR OUTRAS
TANTAS E A OBRA, ALI POR 1861, ESTAVA DE FATO CONCLUÍDA. POR ESSA ÉPOCA VICTOR
HUGO JÁ PODIA VOLTAR À FRANÇA, MAS NÃO QUIS FAZÊ-LO, DECLARANDO QUE LÁ NÃO
IRIA, ENQUANTO NÃO FOSSE
RESTABELECIDA A LIBERDADE.
LIMITOU-SE A DEIXAR GUERNESEY, SEGUINDO
PARA BRUXELAS. NA CAPITAL BELGA, DEU A ÚLTIMA DEMÃO À OBRA. MAS ENCONTRAR UM
EDITOR NÃO LHE PARECEU FÁCIL. BASTA DIZER QUE ELE PEDIA PELA SUA PUBLICAÇÃO
NADA MENOS DE 125.000 FRANCOS, SOMA GIGANTESCA NA ÉPOCA.
ORA, EM BRUXELAS HAVIA UM
EDITOR CHAMADO LACROIX QUE, MANTENDO TAMBÉM AMBIÇÕES LITERÁRIAS, ERA EXALTADO
ADMIRADOR DO POETA. PUBLICARA UM ENSAIO SOBRE “SHAKESPEARE E O TEATRO FRANCÊS”
E MANDARA UM EXEMPLAR A VICTOR HUGO COM SUGESTIVA DEDICATÓRIA. ESTE AGRADECEU A
OFERTA COM ELOGIOS PROTOCOLARES SOBRE O TRABALHO QUE, PARA SER EXATO, NÃO
CHEGARA A LER, POIS O ALUDIDO EXEMPALR FOI ENCONTRADO MAIS TARDE ENTRE SEUS
LIVROS, AINDA SEM ABRIR.
ESSA MANEIRA DELICADA DE VICTOR HUGO
FOI SEGUIDA AO LONGO DO SÉCULO POR NUMEROSOS ESCRITORES, PARA NÃO DESGOSTAREM
OS QUE DELES SE LEMBRAVAM. MAS TEVE O INCONVENIENTE DE ENCHER DE FUMAÇA A
MUITOS PRINCIPIANTES. LI ALGURES QUE UM VATE DO RIO DE JANEIRO, AO PUBLICAR O
SEU LIVRO DE ESTRÉIA, REMETERA-O A VICTOR HUGO COM PATÉTICA DEDICATÓRIA.
O GRANDE ESCRITOR, PARA CORRESPONDER À
GENTILEZA DA OFERTA, RESPONDEU-LHE DIZENDO QUE, COM AUXÍLIO DA GRAMÁTICA
LATINA, LERA E ADMIRARA OS SEUS VERSOS. ISSO FOI A PERDIÇÃO DO PLUMITIVO. DALI
POR DIANTE, COLOCOU-SE ACIMA DA OPINIÃO DA CRÍTICA E DA RESERVA DE SEUS AMIGOS.
- VOCÊS SÃO TODOS UNS DESPEITADOS - DIZIA.
VICTOR HUGO, QUE É VICTOR HUGO, ELOGIOU MEUS VERSOS. CÁ ESTÁ A CARTA ASSINADA
PELO MESTRE!
QUANDO LACROIX SOUBE QUE VICTOR HUGO
PROCURAVA EDITOR, LANÇOU UM APELO PELA PRAÇA, CONSEGUIU A AVULTADA SOMA PEDIDA
E TOCOU PARA GUERNESEY, ONDE O POETA SE ENCONTRAVA NO MOMENTO. NEM BEM CHEGOU A
HAUTEVILLE HAUSE, APRESENTOU-SE, O CONTRATO FOI LOGO REDIGIDO E ASSINADO, SEM
QUE O EDITOR TIVESE VISTO O ORIGINAL.
QUALAQUER COMERCIANTE SENSATO NÃO TERIA
COMETIDO SEMELHANTE DESPROPÓSITO. MAS A VERDADE É QUE LACROIX DEU UM FORMIDÁVEL
GOLPE. EM MENOS DE UMA
NO, TORNOU-SE RICO E MULTIPLICARAM-SE OS SEUS HAVERES.
O ROMANCE ALCANÇOU UM ÊXITO A QUE, EM
1862, O MUNDO NÃO ESTAVA HABITUADO. FOI IMEDIATAMENTE TRADUZIDO PARA QUASE
TODAS AS LÍNGUAS EUROPÉIAS E AS EDIÇÕES EM FRANCÊS COMEÇARAM
A REPRODUZIR-SE COM RAPIDEZ VERTGINOSA. NUNCA MAIS DEIXARAM
DE ENCHER PARIS, A FRANÇA, A EUROPA, A ÁSIA, A AMÉRICA, O MUNDO.
VAI PARA UM SÉCULO, O HOMEM NASCE,
BATIZA-SE, CASA, LÊ “OS MISERÁVEIS” E
MORRE. A VIDA NÃO É COMPLETA PARA OS QUE NÃO SE COMOVEM COM ESSE ROMANCE.
ENTRE DEUS E JEAN VALJEAN, TALVEZ HAJA
ALGUM ENTENDIMENTO...
NO ANO SEGUINTE, EM GUERNESEY, FOI
ORGANIZADO UM BANQUETE EM HOMENAGEM A VICTOR
HUGO. DURANTE 15 DIAS, A EUROPA VOLTOU-SE PARA AQUELA ILHA, ANSIOSA POR
MANIFESTARA SUA ADMIRAÇÃO AO POETA DA HUMANIDADE SOFREDORA.
DE QUASE TODOS OS PONTOS DO CONTINENTE,
CHEGARAM REPRESENTANTES E ATÉ COMISSÕES DE INTELECTUAIS. OS PAÍSES ONDE O
ROMANCE TINHA SIDO TRADUZIDO VIBRARAM DE EMOÇÃO.
FOI UM NUNCA ACABAR DE DISCURSOS.
ENCERRANDO ESSA FESTA INTERNACIONAL LEVADA A EFEITO AO REDOR DE UM ROMANCE, AO
REDOR DE “OS MISERÁVEIS”, VICTOR HUGO
SAUDOU A IMPRENSA, QUE JÁ NAQUELE TEMPO TINHA O PODER DE UNIR O HOMEM POR CIMA DAS
FRONTEIRAS. E FEZ O ELOGIO DA REVOLUÇÃO FRANCESA E DAS SUAS CONQUISTAS SEMPRE
EM MARCHA, PALAVRAS QUE CERTAMENTE NÃO AGRADARAM AOS OUVIDOS BUROCRÁTICOS
PRESENTES.
DALI POR DIANTE, VICTOR HUGO TORNOU-SE
O IMENSO POETA DE SEMPRE. AINDA HÁ POUCOS ANOS, UM JORNALISTA INTERROGOU ANDRÉ
GIDE SOBRE QUEM SERIA O MAIOR POETA DA FRANÇA, OBTENDO A RESPOSTA:
- INFELIZMENTE CONTINUA A SER VICTOR HUGO!
NESSE INFELIZMENTE NÃO IA NENHUM DESPRIMOR PARA O GÊNIO, MAS A
MELANCOLIA DE QUEM, UM SÉCULO DEPOIS, AINDA NÃO VIA NO CENÁRIO INTELECTUAL DO
PAÍS NINGUÉM QUE APRESENTASSE AS GIGANTESCAS PROPORÇÕES DO AUTOR QUE CRIOU AS
PÁGINAS IMORTAIS DE “OS MISERÁVEIS”.
(AFONSO SCHIMIDT)
VICTOR MARIA HUGO, POETA, DRAMATURGO,
ROMANCISTA, ENSAÍSTA E POLÍTICO FRANCÊS, DEIXOU UMA FAMOSA, IMPORTANTE E RICA
BAGAGEM LITERÁRIA, DA QUAL DESTACAMOS:
“ODES”, “HANS DE ISLÂNDIA”, “BUG
JARGAL”, “BALADAS”, “CROMWELL”, “ORIENTAIS”, “FOLHAS DE OUTUBRO”, “CANTOS DO
CREPÚSCULO”, “VOZES INTERIORES”, “RAIOS E SOMBRAS”, “HERNANI”, “MARION
DELORME”, “O REI DIVERTE-SE”, “RUY BLASS”, “BURGRAVES”, “LUCRÉCIA BÓRGIA E
MARIA TUDOR”, “ÂNGELO”, “NOSSA SENHORA D EPARIS” (“O CORCUNDA DE NOTRE DAME”) –
EDIÇÃO DO “CLUBE DO LIVRO” DE NOVEMBRO DE 1947; “CASTIGOS”, “LENDA DOS
SÉCULOS”, “OS HOMENS DO MAR” (EDIÇÃO DO “CLUBE DO LIVRO” DE DEZEMBRO D E1946),
“O HOMEM QUE RI”, “NOVENTA E TRÊS” (EDIÇÃO DO “CLUBE DO LIVRO” DE DEZEMBRO DE
1945), “CANÇÕES DAS RUAS E DOS BOSQUES”, “ANO TERRÍVEL”, “HISTÓRIA DE UM
CRIME”, “A ARTE DE SER AVÔ”, “O PATPA”, “A PIEDADE SUPREMA”, “O BURRO”,
“RELIGIÃO E RELIGIÕES”, “OS QUATRO VENTOS DO ESPÍRITO”, “TORQUEMADA”, “TODA A
LIRA”, “CORRESPONDÊNCIA”, “DEUS”, “ALPES E PIRINEUS”, “FRANÇA E BÉLGICA”, “OS
ANOS FUNESTOS”, “CARTAS À NOIVA”, “ÚLTIMAS FLORES” E ESTA MONUMENTAL E
IMPERECÍVEL OBRA “OS MISERÁVEIS”, EXOIMADA DE ALGUNS TRECHOS EXCESSIVAMENTE DESCRITIVOS,
NUMA ADMIRÁVEL TRADUÇÃO PARA O PORTUGUÊS DA BRILHANTE AUTORIA DE JOSÉ MARIA
MACHADO, ESPECIALMENTE FEITA PARA A NOSSA EDITORA.
EM SEU LIVRO DE VIAGENS, “EUROPA TRANQUILA”, AO DESCREVER A CATEDRAL
PARISIENSE DE NOTRE DAME, QUE INSPIROU O FAMOSO ROMANCE “NOSSA SENHORA DE
PARIS”, MÁRCIO GRACIOTTI ASSIM RESUME A PROFUNDA SIGNIFICAÇÃO DA OBRA DE VICTOR
HUGO. “ESTE TRABALHO PERTENCE A UMA TRILOGIA, ATRAVÉS DAS QUAIS O IMORTAL
ESCRITOR DA FRANÇA DO SÉCULO XIX QUIS ESTUDAR AS TRÊS LUTAS E AS TRÊS
NECESSIDADES DO HOMEM: A NATUREZA, A RELIGIÃO E A SOCIEDADE”.
“O HOMEM VÊ-SE A ABRAÇOS COM O
OBSTÁCULO, SOB A FORMA ELEMENTO, SOB A FORMA SUPERSTIÇÃO, SOB A FORMA ELEMENTO,
SOB A FORMA PRECONCEITO. UM TRIPLO ANANKÊ DAS LEIS”. VICTOR HUGO DENUNCIA EM “OS HOMENS DO MAR” O ANANKÊ DAS COISAS, ISTO
É, DOS ELEMENTOS; EM “NOSSA SENHORA DE
PARIS”, DENUNCIA O ANANKÊ DOS DOGMAS, ISTO É, DA SUPERSTIÇÃO; E NESTAS
FAMOSAS PÁGINAS DE “OS MISERÁVEIS”,
VICTOR HUGO DENUNCIA O ANANKÊ DAS LEIS, ISTO É, DOS PRECONCEITOS. É A ESSA TRÊS
FATALIDADES, QUE ENVOLVEM O HOMEM NA SUA DIUTURNA LUTA, QUAISQUER QUE SEJAM O
SETOR EM QUE LABUTE E
O PLANO SOCIAL EM QUE VIVA,
SE JUNTA A FATALIDADE ÍNTIMA, O ANANKÊ SUPREMO, O CORAÇÃO HUMANO.
SÃO PAULO, JUNHO DE 1958.
CLUBE DO
LIVRO